Provavelmente quando eu encerrar esta postagem já será Ano Novo para toda a comunidade judaica no Brasil.
Em diversos locais do mundo já é Rosh Hashaná.
Não sei explicar o motivo mas tudo na minha vida acontece mais ou menos nesta época do ano.
E, de fato, agora observando melhor, eu fico um pouco mais introspectiva.
Há um ano atrás, quando eu estava no olho do furação, foi um pouco antes do Rosh Hashaná que eu consegui um emprego.
Já estava desesperada com a possibilidade de estar desempregada. E tudo estava acontecendo. Tudo.
Estava triste, porém cheia de esperanças de que as coisas entrariam em seu eixo e eu, finalmente, conseguiria ter um pouco de paz.
Só que eu não entendia o que era isto até o dia em que fui forçada a compreender que, mesmo no meio do caos e do desespero, o coração está quieto e confiante de que tudo o que acontece tem um propósito específico.
Foi nesta época que escrevi uma oração ao Pai, externando tudo quanto eu precisava.
Naquele momento Ele me pegou da prateleira de sua Olaria e viu um trincado. E pegou e jogou aquele vaso fora e colocou novo barro na roda para ser formado novo vaso.
Aquele havia sido para a desonra. E acredito que o quebrou porque assim lhe aprouve em sua imensa Misericórdia.
Foi naquela mesma época que eu descobri meu enorme desejo de ser mãe. Simplesmente por ouvir uma voz - ainda que não tenha sido verdadeiro por parte de quem me disse - me dizer que um filho gerado com amor é o melhor presente que se pode receber da vida.
Naquele instante algo de mulher despertou em mim, como se estivesse em longo coma, aguardando uma cura surgir de algum lugar.
Eu pensava - e até agora eu não explicar o motivo e atribuo isto ao fato de que Deus é Soberano e sabe tudo de antemão - que não queria ter filhos. Embora, eu já houvesse desejado ser mãe.
Esta vontade simplesmente foi morrendo dentro de mim até o dia em que me peguei dizendo que nunca teria filhos.
No Rosh Hashaná passado, entretanto, eu pedi perdão ao Pai por haver dito isto um dia.
Algumas vezes eu ainda peço, com medo de que Ele entenda que não seria capaz de ser uma boa progenitora.
Como hoje isto me dói. Eu vejo pessoas com seus filhos e vejo em seus olhos todo o amor que um dia eu procurei. E sinto um vazio enorme entre meus braços.
Porém, mais do que um filho, eu quero uma família.
Para mim não bastaria ser eu e uma criança. Teria de haver um amor para formá-la, educá-la e dar aquilo que eu sempre recebi dos meus pais.
Tenho a sensação de que desejo continuar de alguma forma. O desejo de eternidade tomou conta de mim.
O Ano Novo Judaico é chamado também por eles de o período em que Deus julga os homens. Daí porque dez dias depois do início das festividades do Rosh Hashaná acontece o Yom Kippur, O Dia do Perdão, quando se suplica ao Eterno que perdoe mesmo o pecado que não se tenha consciência de se haver cometido.
Eu vivi muita coisa após o último período. Uma paixão viveu e morreu no tempo que tinha de ser. E me marcou profundamente porque me ensinou que eu queria muito ser mulher. E a mulher finalmente surgiu. Com todas as suas nuances: Da mãe à amante, todas elas despertaram ao mesmo tempo. E tudo quanto estava calado dentro de mim resolveu falar, cantar, gritar e chorar. Tudo!
Quando eu estava curada das feridas da alma e que faziam doer até o dedão do pé, surgiu um outro amor.
E foi booooooooom que só. E ruim, muito ruim o desfecho. Mas, tudo bem.
Agora, estou no limiar de um novo período de julgamento... Um período em que pensarei o que dizer a Nosso Pai, Nosso Rei acerca daquilo que necessito diante dEle.
Quantas profundas marcas mostrarei e quais Ele precisará ainda curar. A respeito de algumas sei que Ele apenas dirá: É... Cicatrizou bem. Agora aprenda e não faça novamente!
De antemão eu só sei dizer que aquela certeza toda de que tudo daria certo... Está aqui ainda. Mas está diferente e não tão infantil e desesperada.
Ainda bem que cheguei a mais um Rosh Hashaná, e que, por Graça e Misericórdia Ele me tem feito seguir, ainda que cheia de dores, sei que em todos os momentos foi Ele mesmo que caminhou por mim.
E carregou todos os meus pesos a ponto de eu, inclusive, poder ajudar outros a carregar os seus e ainda colocar sobre Ele, que tudo pode.
E vamos que vamos, caminhando sempre em frente. Porque o tempo não perdoa. E não volta.
Por isso, eu pergunto: Mais um ano, ou menos um?
Depende do referencial.
30 E Uns... Ao tempo em que subtraio muita coisa de mim...
5 comentários:
Ei querida...
Quanto tempo ! Saudades...
Ainda não saímos. Mas vou tirar belas fotos e postar assim que voltar.
Olha, possivelmente estarei em suas terras em janeiro.
Vou visitar meus queridos. Estou com saudades de todos.
Um beijo,
Pois, se vier, por favor, entre em contato. Não perderei a oportunidade de ver você de jeito algum!!!
Beijo, Linda!
Amiga linda,
Pode usar tudo, inclusive o lacinho. Claro que eu não me importo. Claro que eu fico feliz, né?
Beijos para uma semana maravilhosa que vc terá.
Amei, amei, amei o seu novo blog, todo enlaçado. Lindo, miguinha.
É verdade, amiga.
Nossa, você está certíssima. Amei as suas palavras. Que bobeira mesmo que eu dei. É que eu senti um desdém, não sei. E eu sou assim, assimilo demais as coisas. Esponjinha, sabe? Saio sugando tudo. Obrigada, linda. Logo, logo vou postar a foto do conjuntinho. Um beijo no seu coração que é tão atencioso e amoroso. SMAC !!!
Postar um comentário