segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dos Meus e Aos Meus...


Sim... É uma menininha. E, sim, também já tem nome: Sofia.
É verdade que a alegria e a felicidade é incomensurável. Mas, não seria a mesma coisa sem uma série de fatores que contribuem para que hoje eu tenha plena certeza do que é plenitude.
A primeira delas é saber que tudo se ajeita com o passar do tempo. E que tudo só acontece quando o tempo gera - do modo certo e completo - e traz à luz os acontecimentos. E tudo que o tempo faz é perfeito.
Hoje, por exemplo, eu sei que tudo aconteceu exatamente quando e como deveria acontecer. Assim. Simples. Mas, quando tudo esta em seu transcurso, é dificil saber o motivo, saber o por que tudo está assim se fazendo.
Foi bom ter sofrido com a solidão? Sim. Foi muito bom. Porque hoje eu conto com o companheiro mais maravilhoso do mundo!!!
Assim, desses cúmplices para todas as horas e todos os momentos. Que é meu melhor amigo, meu enfermeiro - porque ando precisando - meu namorado, meu esposo, meu amor.
Aos trinta - e um tico mais - era para eu estar muito mais segura. Mas, não sei se são os hormônios da gravidez, mas ando muito, mas muito mais insegura do que deveria. E estressada. E impaciente.
Em meio às maravilhosas descobertas a respeito da vida que cresce dentro de mim, eu me pego sendo desafiada a não deixar de ser mulher. Mas, é tão difícil.
Porque meu corpo de mulher está todo o tempo sendo desafiado a ser corpo de mãe. Daí o corpo de mãe é desafiado o tempo todo a continuar a ser corpo de mulher.
Não pode engordar, não pode desanimar, não pode ficar com o cabelÃO feio, as unhas tem de estar bem feitas, o corpo macio e depiladinho, os pés macios, a pele sem manchas.
Então, freie a imeeeeeeeeeeeeensa vontade - enlouquecedora, muitas vezes - de comer doces, massas e afins, e o impulso de não sair da cama - como, aliás, fiz anteontem - dome a dor na coluna inteirinha - cervical, toráxica e lombar - e estica a cabelaça. Sem contar a falta de grana que nos pega assim, de surpresa como a própria notícia da gravidez. Tudo muito normal. Bom, pelo menos é o que dizem.
Andar está cada vez mais difícil. Porque, além de tudo, tudo, eu arranjei uma dor nos pés que me faz andar com aquele caminhar de pata choca. Não sei se todas as gestantes caminham assim por causa de dores. Eu sim.
Estou me sentindo uma inútil. Não consigo fazer nada direito. A mocinha está crescendo e crescendo e meus órgãos cada vez mais estão espremidos.
Muitas vezes eu choro em bicas porque não consigo mais fazer tudo o que fazia antes. Cozinhar agora, só de vez em quando e se for algo bem rapidinho.
Lavar louças... A barriga já não deixa mais!!!
Da roupa a minha superultramegamaravilhosa "Sebastiana" lavaroupas que só falta falar - mas toca musiquinha quando termina o serviço - dá conta do recado.
Sobra para o pobre marido. Coitado. Que já não dorme mais direito e, quando dorme um pouquinho, é acordado com meus gritos de dor por causa das cãimbras noturnas. Sem contar que, como já não tenho mais posição confortável o bastante para dormir, passo a noite "grelhando" na cama e levantando o tempo todo para ir ao banheiro.
Fico com pena dele, tadinho... Que deve ter a sensação de "propaganda enganosa"!!!
Mas, sabem, apesar de tudo isso que descrevi - e olha que nem falei de tudo - todas essas essas coisas desaparecem em meio a outras.
Como o fato de ter alguém tão maravilhoso perto de mim. Que, mesmo sem entender direito o que eu sinto de fato, está por perto me suportando. Sei que não é fácil...
Talvez hoje eu tenha plena consciência daquilo pelo que estou passando, mais do que se tivesse vinte, vinte e poucos anos. Tudo agora tem outro peso. Está certo que, se fosse a dez anos atrás, meu corpo reagisse bem melhor. Mas, acho que não seria assim tão bom e consciente.
Mas, há outras coisas que me fazem dizer que vale a pena tudo, tudinho mesmo: Quando Sofia mexe aqui dentro, e eu sinto que ela está viva, e meu lindo dá aquele sorriso satisfeito, curioso e interessado, eu esqueço tudo... E me pego sonhando com o dia em que ela estará entre nós na nossa cama, e que vai no meu colinho acordar o papai com aqueles grunidinhos de bebê e aquele cheirinho gostoso...
Eles dois são meu mundo, agora. Tudo o que faço é para eles. Se suporto as dores, se caminho claudicante, se choro escondida, se me alegro abertamente e chamo para ver nossa menininha mexer todas as vezes que ouve a voz do pai, é só para sentir que ela está viva e ver aquele sorriso lindo naquele rosto mais lindo ainda deste homem magnífico que me foi posto ao lado.
Ah, quanta sorte eu tenho!!! Não canso de dizer isto.
Assim como a dor fica descrita e marcada nas palavras, o amor também. E a alegria, e a vontade de sorrir.
Há tantas e tantas coisas para dizer, mas o tempo tem corrido mais do que a quantidade das minhas palavras... E ele me tem prendido nas tarefas impostas pelo trabalho e por minha filha que, ainda crescendo dentro de mim, já me preenche o tempo todo com todas aquelas sensações que, na verdade, são só um modo de o corpo dizer que está preparando um outro ser. Para isso precisa de tudo de mim. E, muitas vezes, tudo é muito pouco.
Aos poucos, os anos que se passam vão me ensinando mais e mais a respeito de mim mesma e da vida. Daqui para frente, vou ser mãe. E também mulher. E esposa. E profissional. E amiga. E filha. E irmã. E uma pessoa qualquer.
De qualquer maneira, tentarei fazer o que puder para dar conta. Se vai dar certo? Não sei, não!
Mas, como sempre, vou vivendo dia após dia. Com noites - ultimamente mal dormidas - no meio que é para dar tempo de pensar. Ou não.
Saudades de todos!!!