Dúvidas são aquelas partículas infernais que pairam nas nossas cabecinhas de vez em quando...
Ligo ou não ligo?
Vou ou não vou?
Faço ou não faço?
Como ou não como?
Ontem, meu amigo Paulo me mandou uma mensagem. Um texto do Henfil que falava a respeito de felicidade.
Dizia ele que a gente não tem de esperar oportunidades para ser feliz. Que a felicidade é uma viagem, não um destino.
Concordo. Sim. Concordo.
Aqui do alto dos meus 30 anos - como se fosse muita coisa - eu começo a enxergar algumas coisas que não enxergava antes.
Uma amiga minha muito querida me disse ontem que eu desabrochei. Também concordo. E estou de acordo com ela quando me disse também que não é fácil e que dói.
Ela que o diga. Pois passou comigo maus bocados... Se não fosse ela não sei o que seria de mim quando tive de sair de casa às pressas sem ter uma mala para colocar minhas roupas.
Nessa minha jornada rumo ao terceiro ciclo de minha vida, eu aprendi muitas coisas. Uma delas é que a gente pode andar retamente por toda a vida.
A conclusão a que chego é que não importa o quão direito você tenha andado pelo caminho. Não importam quantas foram as pedras em que você não tropeçou. As feridas surgirão dos tropeços que você deu, não dos que não deu.
Depois disto, o que nos resta na vida é sarar. E suportar a dor por pior que ela seja.
Não é possível colar cristais. Assim como não é possível consertar aquilo que fizemos de errado na vida.
Mas, é possível arrepender-se e tentar não errar mais.
Só que, assim como não é possível deixar de notar o trincado do cristal, não é possível esconder por toda a vida aquilo que fizemos.
Por isso mesmo, no dia em que fui posta para fora de casa, eu aprendi a primeira lição: Escolher ao invés de ter dúvidas. Naquele dia eu optei por dizer a verdade. E poderia ter sido trágico.
Mas, não foi. Eu colhi Misericórdia e Graça. Porque havia a minha amada amiga-irmã e havia meus pais. E havia, acima de tudo e de todos, O PAI. Nunca havia sentido tanta paz.
Sabe, foi ali que comecei a ser feliz de verdade. Eu tinha momentos alegres e muitos momentos tristes e solitários.
Agora, mesmo só eu não sou só. E sou feliz porque não estou esperando coisa alguma.
Hoje eu passei um dia magnífico... Que muitos, porém, diriam ser sem graça alguma. Fiquei em casa, não coloquei os pés na rua. Eu mesma lavei meus cabelos, eu mesma os escovei. Daqui a pouco, quase 21h, eu vou fazer as unhas eu mesma.
Nessa minha jornada sei que vou me decepcionar ainda. Sei que vou chorar algumas vezes, sei que vou chegar cansada em casa, entediada, com cólicas, com dor de cabeça... E haverá dias em que eu vou acordar contente porque cheguei em casa exausta de taaaaaaaanto dançar. E dias em que terei feito um passeio agradabilíssimo em companhia de alguém mais agradável ainda.
Haverá dias de sol... E dias chuvosos que me farão lembrar da maior dor da minha vida.
Ainda lembro. E ainda sinto a dor cada dia que acordo e que está nublado e frio.
E os dias ensolarados e azuis agora ganharam vida nova para mim. Ainda que eu não tome sol, ainda que eu morra de calor e precise do meu indefectível leque, ainda que eu sue em bicas, os dias claros tem novo significado para mim que antes não tinham.
Continuo a gostar do frio. Mas, agora eu gosto mais dos dias azuis.
Pode ser, sim, que um erro cometido acabe com a nossa vida inteira. E jogue por terra tudo quanto fizemos e fomos. Sempre há, entretanto, o perdão a ser desfrutado.
Quando esse edifício cai, levanta muita poeira e por certo tempo não é possível ver além da terra que se levanta.
Mas, o que está em volta continua lá. A paisagem é a mesma. Assim é a nossa vida em torno dos erros que cometemos. O que somos não muda por causa de uma parte de nós que está em ruinas. Todo o restante permanece em pé.
Então, estou certa que o que fui durante quase uma década continuei sendo. Mas, o cristal trincou. Não faz mal. Continua cristal. Agora, o que sei é que quem assopra a massa para fazer o vaso resolveu quebrar o antigo e fazer um novo. E estou contente demais por isto.
Era um adorno legal. Mas agora é melhor.
Agora tenho de aprender a lidar com essas partículas que andam pairando sobre meu ser. As dúvidas. E estou meio desesperada pedindo ao Pai para não me deixar à minha mercê novamente, dando-me certezas.
Só que a estrada continua tortuosa. E não podemos ver além das curvas. Continua emocionante mesmo assim.
Mas, sabe, a única conclusão a que eu consigo chegar é que sou feliz. E não tenho esperado por nada, não. Sei que muitas vezes parece que sim, mas saiba que a vida tem milhares de sorrisos para mim e eu estou retribuindo a todos. E, quando as tempestades caem, eu vou lá e tomo um banho de chuva!!!
E vou caminhando sem destino. Aliás, meu destino é o caminho que sigo.
Por este caminho, ganhei presentes que acredito ser inestimáveis... Amigos que ficarão por toda a vida...
Não sei se estou certa mas, entre a dúvida entre ir ou não ir, eu vou. Entre ligar ou não ligar, eu ligo. Entre fazer ou não, eu faço. Entre comer ou não comer, eu como. Porque não sei se tenho só um segundo a mais para viver. Ou se terei mais cem anos. Não importa saber. O que importa na verdade é ter em mente que a vida é uma só, e que o tempo não volta para que eu faça 30 anos novamente... Bem que eu queria.
Porque está bom demais!!!