segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Eu não gosto de fantasmas. Não gosto. Nunca gostei. Aliás, eu os detesto.

Para mim, morreu, morreu.

Morte, em seu mais estrito significado quer dizer separação.

Quando alguém morre, é separado da vida. Quando alguém vai embora, é separado da presença do outro. Quando alguém é exilado, é separado de sua terra, e por aí vai.

Assim é que eu não gosto de ficar sentada sobre nenhum túmulo demasiado tempo. Eu choro, sofro o que tenho de sofrer, mas sem, contudo, vestir meu coração de negro.

Eu gosto de sorrir. Demais. Embora não pareça que é assim.

Mas, pessoas que gostam de sorrir também choram. E seu choro é mais sentido, justamente porque sabem o valor de cada lágrima que derramam.

Por tudo isto é que eu escrevo, no intuito de serem as palavras as mãos que enxugam meus olhos. E funciona. Porque eu não posso gritar. Até queria muito poder gritar. Mas não posso. Ficariam escadalizados, iriam me internar. E eu não estou nem um pouco a fim de ser trancafiada num manicômio, muito embora eu saiba que está assim ó, de gente louca para fazer isto comigo.

Eu fico, assim, pensando em certas criaturas que vivem de atormentar a vida alheia, saídas de um passado longíncuo, sempre à espreita, caminhando por entre as gretas dos caminhos, esperando apenas que a gente dê um passo para desferir seu famoso Buuuuuuuuuuuuuuu!!!

Há os que gostem muito da experiência, fornecendo lençóis para que esses espectros se encham de matéria, neste caso, matéria do viver alheio.

E há os que simplesmente lembram-se dessas presenças que, um dia, fizeram parte de seu viver. Com saudades até. Outras tantas tem sua breve passagem por nossas vidas lembradas com tal pesar, que sua separação é um alívio eterno.

Outras pessoas não são fantasmas. São lembranças gostosas de tempos magníficos, de parte de uma existência doce e suave - ou então uma venturosa corrente avassaladora que coloca tudo no chão e nos faz reconstruir a vida de modo tão maravilhoso. Como é bom sentir a presença desses novamente! Lembrar assim, é ressussitar algo bom, ao passo que determinadas lembranças nos faz enlutar outra vez.

Ainda outro dia eu recebi um comentário de alguém que dizia que sua atual companheira havia sido azucrinada por sua ex.

Gente! Ninguém merece, né? Não dá!!!

E eu disse a essa pessoa que a sua companheira não precisava haver passado por isto. Porque ela nada tinha a ver com a vida pregressa dele e da ex, afinal.

A vida que construiriam juntos é que tudo tinha a ver com ela e com ele!

Até quando as pessoas acham que podem se tornar fantasmas na vida das outras dessa maneira?

Eu não precisei ter 30 anos para saber que o que eu não quero que façam a mim, não farei a mais ninguém.

Posso até haver cometido meus erros, e ainda posso cometer outros tantos. Mas, daí a dizer que eu gosto de atormentar a vida alheia... Tenha santa paciência.

Eis aqui meu olhar indignado. Porque ando cansada. E tenho dito!

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Ao pé do ouvido...



Sabe, uma pena que só agora eu tenha certos despudores. Para muita coisa. Com meu corpo, com minha vida, com minhas coisas, com meus olhares, com minhas preferências, com o que digo. Uma pena porque essa liberdade teria me livrado de um monte de problemas, muitas noites de insônia e várias crises de gastrite.

Por exemplo, poder dizer para um Bofe: "Olha, é o seguinte, eu sou mulher e, como toda mulher, eu gosto de me sentir desejada além do desejo, não só quando você está com vontade de me pegar pela cintura, me dar aquele beijo para rolar aquela transa".

Eu, como toda mulher, quero ser conquistada todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Um homem, para me conquistar, deve ter necessidade de mim longe - também - de suas necessidades animalescas básicas.

Ser gostosa, não só durante o sexo, mas também quando eu saio do banho de touca de plástico na cabeça, enrolada naquela toalha de todos os dias, cheia de respingos d'água pelo corpo. E também quando eu estiver com a cara lavada.

Quero ser acordada com o chamado de um olhar sobre mim, aquele olhar terno dos que vigiam sonos. E, quando eu despertar - olhos inchados de dormir - nossos olhares se cruzarão e, sem qualquer palavra, eu vou sorrir por perceber que sou desejada além do desejo.

Nesse período da minha vida eu já sei bem o que me dá prazer. Não só na alcova, mas na vida.

Sei os aromas de que gosto, as texturas que me agradam, os sabores que me são agradáveis, e o que me é belo... E, nisto tudo, também está o fato de que agora eu sei onde, como e quando eu quero ser tocada.

Por isso, quando eu disser que tal perfume não cai bem, vai por mim, é porque não cai.

Ok, eu dou licença para me alertar também sobre tal fato. Para me dizer que eu fico apetitosa com calça apertadinha quando o que eu gosto é de calça larga, para me dizer que prefere esse àquele perfume, e para me dizer quando eu estiver engordando.

Por um simples motivo. Eu quero muito ser desejada pelo meu homem. E o bom senso me diz que uma pessoa adulta sabe o que deseja. Assim como eu sei o que eu desejo.

Então, recado de uma Mulher Madura, assim, numa conversa ao pé do ouvido:

Vai por mim, Bofe! Vai por mim. Uma mulher pode ser o que você quiser que ela seja. Basta que ela se sinta... Mulher! Olha para ela com aquele olharzinho sem vergonha numa hora nada a ver. Olha para ela com admiração quando ela estiver passando pano no chão, quando etiver com aquela cara de brava - quase sempre por coisa nenhuma. Dá um sorriso inseperado quando ela, repentinamente, voltar seu olhar para você. Ofereça seu silêncio quando ela vier com milhares de histórias para lhe contar sobre um montão de coisas que aconteceram no dia dela.

Leva-lhe flores sem quê nem porquê. Diga a ela que uma bela música lhe fez lembrar dela. Ajude-a! Sim, ajude-a. Não espere o tempo todo que ela lhe peça algo...

Abrace-a sem motivo aparente... Um abraço bom, de corpo inteiro, demorado. Diga como ela está maravilhosa com aquela calça jeans + camista + rasteirinha + rabo de cavalo... E quando ela vestir aquele pretinho básico com pérolas, e fizer uma maquiagem mais elaborada e um penteado de diva, diga que ela está deslumbrante!

Pergunte se ela precisa de algo, de alguma ajuda. Ofereça pequenos gestos cotidianos. Compre lingeries para ela... Aquele perfume que vocês dois gostam...

Menino, não vou lhe enganar, não! Tudo isto aí custa muito pouco perto do prazer que ela vai lhe dar sempre. Porque o sexo, para a mulher, começa bem longe da cama. Ele começa pelo modo como você fala. Pelo seu olhar. Pela forma com que ela é tocada.

Contudo eu quero lhe dizer algo que, à parte tudo isto aí acima, é infalível: Se você a ama, nunca, jamais em tempo algum esqueça de dizer a ela. Nada mais afrodisíaco para uma mulher do que um homem que a ama. E que não tem medo de dizer: Amo você!