Há tempos eu me pego pensando a respeito de haver chegado nessa etapa da vida. Porque tenho um objetivo primordial: Aprender.
Principalmente aprender com os meus erros. Para não cometê-los novamente, e para não sofrer tanto mais.
Os que buscam a sabedoria aprendem com seus próprios tropeços. Os que são realmente sábios observam o caminho, caminham por ele e procuram não cair na pedra que já viram antes - e na qual muitos já tropeçaram.
Eu já percebi, no entanto, que muita gente com quem falo - principalmente os mais jovens - parecem não dar muito crédito ao que eu posso dizer a eles.
Quando, por exemplo, eu faço algum comentário a respeito de casamento, alguns me olham com aquela cara: "Não conseguiu conservar nem o seu, vai dar pitaco na minha vida"?
Queria poder abrir a cabeça da criatura só para que ela soubesse que, justamente porque eu tropecei NAQUELA pedra é que eu estou dizendo que ela pode lhe fazer cair. E seriamente.
Daí porque eu acho que sou uma pessoa em busca da sabedoria.
Não obstante, eu ainda tropeço. E muito. Mas, se alguém puder acreditar que os meus erros me fizeram aprender alguma coisa, eu tenho um bocado a ensinar.
Hoje eu sei, por exemplo, que não sou forte. Sou é muito frágil. Eu achava que poderia resistir ao poder de uma paixão, que eu só sofreria se quisesse e que só amaria a quem eu escolhesse amar.
Pura ilusão! Ilusão de menina. Quando cresci e virei mulher entendi que paixões são incontroláveis, que sofrimentos são inevitáveis e que o amor não escolhe. Ele simplesmente é.
E que há milhares de formas para ele.
Aos 30 anos eu entendo que o amor não precisa de motivos para acontecer. Há muitas formas, entretanto, de se confundir outros sentimentos com amor.
Se eu digo que amo alguém porque é maravilhoso comigo, porque é belo, gentil, delicado, afetuoso, atencioso, etc, etc, eu estou apenas expressando a minha admiração pelo que eu entendo ser qualidades.
Sim, porque nesta altura da vida eu já entendi também que, muitas vezes, o que eu acho que é defeito pode ser um atributo que EU não possuo.
Eu admiro - ah como admiro! - a pessoa que não está nem aí para o modo como se aperta o tubo da pasta de dentes! Pois, apesar de eu DE-TES-TAR pegar o tubinho todo amassado, eu sei que essa minha neura é uma coisa à toa. Mas, isto é algo que me incomoda profundamente, embora também saiba que é o tipo de sentimento que eu AINDA consigo controlar.
Hoje eu procuro segurar a minha onda. E a não segurar mais tanto assim.
Como disse a minha querida amiga
Claudinha, que já está a alguns anos de experiência à minha frente, aos 30 a gente já não quer mais apenas agradar como fazia aos 20.
Eu tinha um desespero enorme por não magoar, por fazer apenas aquilo que agradasse aos outros e não necessariamente a mim.
Aos 30 - e uns meses já - eu compreendi que não posso agradar a todo mundo. E que, no fim das contas, quem restará nessa ciranda da vida sou eu.
Óbvio que eu ainda sinto muito medo de magoar. Só que eu tenho muito mais consciência daquilo que me dói com profundidade. E, por isso, não deixo mais que atitudes alheias e que me machucam, sejam repetidas ao ponto de me ferir demais.
Agora eu sei que minha família é meu porto seguro, mas que os meus não são eternos. Sei que sou louca por gatinhos e cães e que eles me acalmam muito. Sei que me sentir só me dói. E que me sentir sem lugar tira minhas energias.
Sei que vale a pena tentar, ainda que as tentativas não redundem em coisa alguma, pois é disso que é feita a vida.
Eu aprendi que é muito mais fácil falar do que agir. Mas, que eu posso me colocar no lugar do outro.
Que eu quero muitas coisas, mas que não poderei - jamais - ter muitas delas. Nem por isso eu me sinto frustrada.
Eu agora sei, mais do que qualquer outra coisa, que é urgente viver. Mas isto não implica em viver sem responsabilidade. Sei do que gosto. E também sei do que não gosto.
Hoje eu ainda tenho um pouco de medo de dizer que gosto mais disto do que daquilo. E sei que daqui a algum tempo isto vai passar. Afinal, os anos vividos nos dão licença para sermos cada dia mais nós mesmos.
E hoje, aos 30, eu sou mais eu do que fui aos 20. Mas, foram a soma dos 20+10 que resultaram em uma pessoa mais franca, mais aberta, mais corajosa e também mais cautelosa. Principalmente consigo mesma.
Sim, afinal, foi agora que eu aprendi - também - que toda ação começa em mim mesma, assim como a reação que ela provoca. Por isso, eu sei que tudo quanto eu disser, tudo o que eu fizer tem consequências, e que eu devo enfrentá-las, sejam elas quais forem.
E a vida começa mesmo aos 30... E há quem discorde. E eu torço para que, quando eu chegar aos 40, eu possa repetir a mesma frase e criar outro Blog. Pois, sei que lá na frente eu recomeçarei e direi: A vida começa aos 40. Para que possa começar, enfim, o 40 em Uns!