segunda-feira, 3 de maio de 2010

Zaroinha... Também!!!




A certa altura da vida você tem certeza de muitas coisas. E mais incertezas ainda. Um problema.
Mas, uma das melhores coisas é que você tem certeza absoluta e irrevogável de que tem muuuuuuitos defeitos.
Lá dentro do coração escondidos de todo o mundo, na cara - para todo mundo ver - e outros tantos escondidinhos em algum lugar e que você só revela para alguém em quem confia muito. Demais da conta. Outras vezes, nem sob tortura manifesta.
Eu acho que tenho defeitos demais. Muitas vezes nem gosto muito de me olhar no espelho. E acho que é por isso que gosto tanto de roupas. A maioria delas escondem meu corpo e revelam apenas algo curioso - a respeito da própria roupa, diga-se.
Muitas vezes eu me pego pensando no excesso de intimidade que acomete alguns casais... Estou passando por, digamos assim, uma adolescência tardia, tendo um bocado de acnes, coisa que nunca, jamais, em tempo algum eu havia tido na vida. Minha pele era uma das maiores qualidades que eu tinha. Muito branquinha, lisinha, aveludada... Linda - modéstia lá nas profundas do ser...
Daí então, eu fico imaginando que seria impossível e improvável que algum dia eu pedisse :"Meu bem, será que você poderia espremer essas espinhas?" Arg!!! Que horrível!!!
Gente, há um limite para a intimidade. Tem de haver!!! Para não se perder o encanto do mistério, sabe?
Eu não quero saber de certos detalhes dos quais eu também não gosto que saibam a meu respeito. Pelamordedeus!!!
E, quando eu digo isto, eu falo é de qualquer pessoa!!!
E eu lá quero saber que a criatura que eu nunca vi mais gorda teve um piriri daqueles???? As pessoas não tem a menor cerimônia em falar de certos assuntos. Eu, hein!!!
Imagine só quando se fala de um relacionamento a dois... Claro que eu não estou exagerando. E alguns acontecimento acabam se quedando em um acordo meio que tácito que os casais tem. Não falam a respeito daquilo, mas respeitam os limites do outro por sentirem que aquilo agride de certa forma.
Tenho celulite... E agora mais ainda depois que engordei um cadim. Isto é algo que não me incomoda. Posso falar nisto sem problemas, mesmo porque acabam por ficar escondidinhas debaixo das minhas roupas. E eu não uso tecidos que as mostrem para qualquer um. Nem pensar!!! Mas também não deixo de por um traje de banho por isso.
Isto é o tipo de coisa com a qual você não pode ter muitos grilos porque senão acaba atrapalhando na hora do bembom...
Sou desconjuntada. Outro defeito. Tiro praticamente todas as minhas articulações do lugar voluntariamente sem dor. Mas, o que poderia ser uma benção (perdeu o circunflexo? Será que há milênios? Nunca vou entender essas reformas ortográficas), acaba sendo curioso. Por exemplo, dançar pode ser um desastre se eu não me concentrar bastante. O fêmur sai do lugar. mas, também pode ser bem interessante este atributo que me rende uma flexibilidade natural. E eu nem quero saber o que se pode pensar a respeito disto... Não quero!!!
Eu nasci com cabelos encaracoladíssimos. Para mim algo que sempre foi um problema. Desde sempre. Daí que surgiu a mágica da escova progressiva e eu estou livre para molhar meus cabelos quando eu quiser... Ou, quando a grana permite - bem entendido.
Também nasci com pés tortos congênitos, algo que foi reparado antes mesmo de eu começar a andar...
E meus olhos são - como diz o Meu Lindo - "tortinhos"... E eu fico um pouco sem graça quando alguém percebe e me diz. Nas fotos 3x4 costuma ficar bem evidente meu leve estrabismo, que é algo que pouquíssimas pessoas percebem cotidianamente.
Confesso que não gosto muito. Mas, se não fosse assim, não seria eu.
Não gosto das minhas mãos. Acho meus pés muito grandes para minha altura, sem contar que tem joanetes e vivem constantemente rachados, não importa o esforço que eu faça para mante-los lisinhos...
Tinha uma pinta no lábio superior que eu amava. Tive de tirar. Agora, eu consigo notar uma pequena diferença que, aos olhos de todo mundo nem existe. Mas, para mim um lado ficou ligeiramente diferente do outro.
Também não gosto do meu nariz. Não. Não gosto...
Para mim, eu tenho os maiores culotes do mundo... Ah! Não gosto do que vejo no espelho. É isto.
Porém, não tenho problemas para me aceitar e me amar assim mesmo. Eu me cuido do jeito que dá. Apesar de, ultimamente, não estar ligando muito para minha alimentação que já foi bem mais saudável.
Por isso, a intimidade fica mais gostosa. E a convivência também. Porque a vida sem que nos amemos a nós mesmos é muito complicada. Pelo simples fato de que fica difícil permitir o outro conosco.
Tenho também outros muitos defeitos que escondo no meu coração e só mostro para pessoas que eu amo demais. Mas, dos que não se pode ver, a ansiedade é algo que eu não tenho problemas em dividir. E, depois de tanta coisa, ela piorou. Quem não me conhece de verdade, acha que eu sou calma... Engano. Escondo bem. Só isso. Mas, a intimidade faz revelar, e isto é bom.
Que fique bem entendido que não sou daquelas pessoas fresquinhas que acham tudo nojento. Só algumas coisas. Espremer coisas nos outros é uma delas. Tem dó!!! Ainda mais em público!!!
Mas, de uma coisa eu tenho mais certeza ainda do que dos meus defeitos e das - poucas - qualidades que tenho: Que é muito bom arrumar alguém que nos ame assim como somos. E que nos entende. E que olha nos seus olhos profundamente só para achar bonitinho aquilo que você não gosta muito de evidenciar. E, por isso mesmo, aperta sutilmente os olhos para dar, logo em seguida, um sorrisinho maroto, como quem está fazendo uma travessura do tipo olhar por debaixo da porta algo que alguém está tentando esconder.
Gosto das risadas que se seguem e dos olhos que eu aperto. Gosto. Muito.
É... Sou vesga, como uma certa criaturinha gosta de dizer. Sou zaroinha... Também.
E, se isto me faz ser eu mesma, que maravilha!!! Porque, até agora, não desejei ser mais ninguém que eu mesma.
Ufa!!!