sexta-feira, 19 de março de 2010

Não sei se acontece com todas as balzacas, mas ando sentindo uma certa angústia...
É como se eu já tivesse a exata noção de que a vida passa rápido. Mesmo. Claro que ainda há muito chão pela frente. Mas, depois da infância, passando pela adolescência, pela juventude e pela fase adulta, eu tenho a sensação de que muito mais eu poderia ter vivido.
Mas, não me arrependo do que já vivi. Mesmo o que não foi bom, mesmo os erros, serviram para o meu crescimento e para que eu me tornasse a pessoa que - gostem ou não, amem ou não - eu sou hoje.
Eu gosto do que me tornei. E muitas vezes não gosto do que sou. É assim. Todos somos assim. E se alguém me diz que gosta de absolutamente tudo em si, ou que detesta tudo em si, eu vou achar que ou é narcisista ou é deprimido. É preciso haver equilíbrio.
Bom, ultimamente eu ando pensando muito na maternidade. Coisa que ainda não aconteceu para mim...
E me pego - eu que por um tempo não quis - desejando muito carregar um barrigão por aí.
Perguntaram-me outro dia se eu ficasse grávida o que eu acharia.
Bom, aos 30 anos, com a vida profissional estabilizada, tendo uma pessoa maravilhosa, que amo e que me ama ao meu lado, eu não posso dizer que eu ficaria apavorada com a idéia de ser mãe. Com todas as condições acima elencadas, eu, no mínimo, ficaria tranquila por saber que tenho condições de criar meu filho com sossego.
Só que eu posso dizer que ficaria extremamente feliz. Acho que com um exame positivo para gravidez nas minhas mãos, eu iria sorrir antes mesmo de pensar que vou enjoar, engordar, sentir a dor do parto, gastar rios de dinheiro, perder noites e noites de sono... Eu abriria um sorriso.
Eu já havia dito isto há muito tempo: A mulher foi mesmo feita para ser mãe.
Antes de tudo eu sou mulher. Com desejos de mulher. Com defeitos de mulher. Com visão de mundo feminina. Mas... Em essência eu também sou mãe.
E hoje eu me sinto frustrada quanto percebo que muita gente não quer ter filhos e os tem. Não entendo a mecânica disto na mente de Deus. Não entendo e isto é uma limitação minha, eu sei.
Não posso imaginar como é que alguém diz que um filho pode ser um acidente.
É que a fé que me foi dada me diz que nada acontece sem que o Senhor de tudo tenha pleno e absoluto controle. Senão, não seria soberano sobre todas as coisas.
E é nesse momento que eu me pego pensando como é que uma pessoa pode achar que foi o acaso, um descuido, um esquecimento que fez com que gerasse um ser humano, uma pessoa que virá ao mundo e dependerá de si, e um dia crescerá a fará seu próprio caminho.
Eu não tenho a pretensão de pensar que o meu filho será meu. Que ele ficará aqui comigo o tempo todo. Eu sei que terei de preparar um ser para o mundo. Não para mim.
Mas, afinal, foi para isto que eu ganhei óvulos, útero, seios, braços... Foi para isto que meu corpo foi preparado.
Aos 30 eu já sei que a gente ama simplesmente porque ama. Eu não tenho mais a ilusão de que as pessoas são perfeitas. Eu, aliás, detesto perfeição. Acho que a beleza está é nos pequeninos detalhes que destoam da totalidade.
E fico pensando que é por isso que um ser gera outro ser. Para amar. Para aprender, de fato, o que é o amor. Para aprender o que é compartilhar. A ser família.
E agora meu corpo quase que grita para mim que já está chegando a hora de isto acontecer.
E eu me pego com medo da possibilidade de isto não ser possível.
E eu sinto uma tristeza enorme por isto. Porque, como sempre, eu tenho medo do futuro. Do que será. Do que ainda não é.
Remoendo a impressão de que pode ser que não aconteça. E se acontecer, se eu vou ser uma boa mãe. Se saberei me dividir em vários papéis.
Será que continuarei a ser uma boa companhia - se é que eu já fui algum dia?
Será que vou dar conta continuar me arrumando?
Será que vou conseguir seduzir meu companheiro de existência?
Será que conseguirei deixar meu bebezinho em casa para ir trabalhar?
Será que eu vou conseguir ser uma boa dona de casa?
Será que eu vou conseguir, afinal, dar conta de todos os papéis que, enfim, fazem uma mulher ser uma mulher?
Tantos outros "serás" ficam a martelar em minha cabeça louca...
Eu quero ser mãe. Mas, sem deixar de lado a pessoa que me ama e a quem amo. Sem esquecer que antes de qualquer coisa eu preciso ser eu mesma. Porque o bebê um dia vai deixar de depender de mim para tudo. Vai engatinhar, caminhar, vai para a escolinha, se tornará adolescente, jovem, vai namorar, casar e vai embora de casa... E sobraremos eu e o meu amor...
E o que teremos em volta? O que será de nós?
Mais e mais perguntas...
Eu sei que só o tempo pode responder. Eu sei.
Mas, não me furto o direito de pensar em tudo isto...
Afinal, de que me serviria ter 30 anos - e um tantinho mais - se eu não tivesse a capacidade de pensar em coisas que, de fato, podem acontecer?
É, Meu Bem... Acho que a escolha por Sofia não é por acaso. Penso que, ao cabo de tudo, ela é que irá me responder a estas tantas perguntas... Sabedoria não é para todos.
Amo!